Groselha Fuzz completa 10 anos com festa de comemoração

Neste sábado (13) acontece a comemoração dos 10 anos do projeto, e a festa será em grande estilo, com três bandas na programação: The Dead Rocks, Aeromoças & Tenistas Russas e Tunebox, além de djs.
Tempo de leitura:9 minutos

Por Analídia Ferri
Fotos: Divulgação

Formar a cultura musical de uma cidade é uma tarefa que exige tempo e muita dedicação. Foi assim que o músico e produtor musical, Tiago Fuzz, criou, há 10 anos, a primeira festa Groselha Fuzz, trazendo bandas alternativas de todos os cantos do planeta, para Ribeirão Preto.

Foi assim, arrastando o público pouco a pouco que Fuzz trouxe mais de 300 atrações para a cidade, perdeu as contas de quantos eventos organizou e se tornou um dos principais nomes da produção cultural da cidade. Neste sábado (13/12), a comemoração será em grande estilo, com três bandas na programação: The Dead Rocks, Aeromoças e Tenistas Russas, e Tunebox (The Strokes & Arctic Monkeys cover), além de djs.

O Groselha Fuzz 10 anos começa às 22h, no Goa Lounge, que fica na rua Marcondes Salgado, 1.621 (Jardim Sumaré). Os ingressos estão à venda pela internet, com desconto, e também na portaria.

Conversamos com Tiago Fuzz, que nos contou como foi desenvolver o cenário musical, ao longo dos últimos 10 anos em Ribeirão Preto. Confira a entrevista:

Quantos eventos do Groselha você já fez?
Não sei a quantidade exata, acho que dá azar contar (ou não sou tão organizado assim). Mas, contando os projetos relacionados, foram mais de 200 edições. Pois com o tempo fomos amadurecendo e ampliando a forma de atuação. O projeto nasceu como um "Festival Independente", em 2004. Eu tinha 18 anos e era recém-chegado de São Paulo, onde frequentava shows de bandas autorais. Por falta de opções na cidade, resolvi trazer algumas bandas de fora e aquilo foi uma revolução na minha vida. Depois, o Groselha Fuzz adaptou-se aos bares noturnos como uma "Festa Rock" e posteriormente assumiu outros projetos, por conta de parcerias, como a festa Rocknbeats, e lançou projetos específicos como as Sessions na Fnac, a Electrofuzz, a Hot Fuzz etc.


Em 2011, banda The Dead Rocks tocou no projeto Groselha Sessions junto com o guitarrista Cleber Harrison

Quantos artistas você trouxe, entre nacionais e internacionais?
Trouxemos mais de 300 atrações, entre bandas nacionais, internacionais e djs. A intenção foi sempre apresentar novidade para a cidade, então tivemos bandas com sonoridades diversas, de folk a electro-rock, de música caipira a instrumental, de indie a rock clássico, de jazz a punk rock. Nosso público sempre recebeu muito bem esta mistura de estilos. Inclusive em projetos mais recentes como a Hot Fuzz, que insere bandas covers, optamos por grupos que não costumam tocar na programação tradicional dos bares da região.

Teve algum que deu mais trabalho? Alguma história inusitada?
Geralmente as bandas são tranquilas, mas já tivemos problemas com produtores, quebras de contratos, cancelamentos. Mas nunca nada muito grave. Em 2005, fizemos um "Groselha Fuzz no Apê". O pessoal do condomínio concordou com a festa, que inicialmente seria mais íntima, entre amigos. No final das contas trouxemos uma banda de São Paulo que tocou de madrugada no meio da sala, com guitarras em último volume, foi surreal! Mas só rolou uma vez, logicamente.

Como você vê a formação do público para os seus eventos nesses 10 anos? O público aumentou, se fortaleceu?
Como os nossos projetos sempre misturaram estilos, o público também sempre foi diversificado. A diferença é que hoje os nichos são muito mais fortalecidos, por conta da internet. Antigamente não dava para fazer um evento específico com apenas indie rock, ou apenas anos 1960, como fazemos atualmente.

Qual é a importância de formar esse público que prestigia bandas independentes, muitas vezes, pouco conhecidas?
É importante mostrar às pessoas que existem muitas bandas de qualidade no cenário independente. São estes artistas que investem em composições autorais, experimentam novos arranjos e novas sonoridades os responsáveis pela renovação da música. Muitos reclamam que os bares da cidade repetem a mesma programação todo o mês, não trazem novidades, não arriscam, mas vejo uma grande resistência na hora de prestigiar um show autoral no Sesc, por exemplo, que traz excelentes atrações quase semanalmente.

E quanto aos locais para realizar esses eventos, você já percorreu vários, como está o cenário atualmente? Ribeirão Preto tem bons espaços ou não?
Ribeirão tem poucos espaços para bandas alternativas e propostas de música autoral. Sempre precisamos "invadir" a programação do bar, fazer algo diferente do que o público da casa está habituado. Mas sempre foi assim, já faz parte do nosso estilo de produção nadar contra a maré. Esta situação é similar no Brasil inteiro. São raras as casas do interior paulista, como a GIG, em São Carlos, e o Asteroid, em Sorocaba, que conseguem ter público toda semana, com bandas autorais e propostas menos comerciais.


A banda Aeromoças e Tenistas Russas, de São Carlos, é uma das atrações da festa de 10 anos

Sobre a seleção das bandas para essa festa de 10 anos, como se deu e por que foram escolhidas? 
Eu quis fazer um noite simples e agradável com atrações que representam momentos distintos de nossa trajetória. O trio The Dead Rocks foi o show mais marcante da nossa história, pois eles roubaram a cena na primeira edição de 2004 e viraram grandes parceiros, fazendo diversos shows na última década. O Aeromoças e Tenistas Russas é um show que mistura muitas sonoridades, de jazz a música brasileira, reforçando nossa proposta de apresentar artistas distintos. A Tunebox, abertura da noite, representa um momento mais recente de projetos como Hot Fuzz e Rocknbeats, focados no cenário do indie rock mundial.

Vimos que você soltou alguns vídeos contando a história das pessoas que prestigiaram o Groselha. O que motivou essa ideia?
Quando começamos a planejar o evento de 10 anos, lembrei de muitos shows, pessoas e momentos incríveis na última década. Decidimos então criar alguns teasers em vídeo para instigar uma reflexão. "O que você fez nos últimos 10 anos?". Quando a gente começa a chegar nos 30, esta questão é constante em nossa mente. [risos]

Fique à vontade para fazer um balanço do projeto nesses 10 anos!
É interessante quando as pessoas dizem que o Groselha Fuzz é uma das poucas propostas culturais sobreviventes daquela época (assim como o Tutu, que está completando 12 anos), mas isto se deve ao tipo de relação que tenho com o projeto. Para mim, o Groselha Fuzz sempre foi um hobbie, uma forma de apresentar música interessante para as pessoas, com meu gosto pessoal envolvido. A produção cultural nunca será minha profissão (sou publicitário e designer gráfico), pois perderia o sentido, tornaria-se uma obrigação. Eu gosto da evolução do Groselha Fuzz nesses 10 anos, pois combina com a minha evolução pessoal. E fico muito grato pela boa recepção das pessoas nos eventos. Temos muitos planos para o futuro!

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