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Por Gabriel Castaldini
(texto e fotos)
Se você é de Ribeirão ou mora na região, então com certeza ouviu falar sobre “um filme que está sendo gravado na cidade”, não? Pouca coisa se sabia até o momento, porém, agora, temos uma sinopse e muitas outras informações para você. Na terça-feira (28/7) rolou uma coletiva de imprensa no espaço Dona Flor e descobrimos o seguinte:
A trama acompanha a história de Júlio e Noeli, um jovem casal que fica riquíssimo ao inventar um molho de tomate que vira febre no país todo. Com o passar dos anos e o bolso cheio de grana, o casamento entra em crise e os dois vão se distanciando cada vez mais. Até que um mal-entendido culmina na separação de ambos e dá início a uma grande e divertida confusão.
A comédia romântica escrita por Paulo Cursino, que traz Murilo Benício (Júlio) e Camila Morgado (Noeli) como protagonistas e pretende mostrar o que pode vir a acontecer depois do “felizes para sempre”, seria só mais um filme para nós, ribeirão-pretanos, se não fosse por um detalhe para lá de especial: Divórcio 190 é primeira grande produção nacional a ser rodada — quase que em sua totalidade! —, em Ribeirão Preto. E o grande barato é que o enredo é de fato ambientado em Ribeirão, diferentemente de produções que usam cenários de cidades por aí e depois dão um nome fictício a elas. Como foi o caso de Poços de Caldas/MG, na novela Alto Astral, que serviu de pano de fundo para a irreal Nova Alvorada.
“Mas por que Ribeirão?”
Esta era a pergunta que estava na ponta da língua de todos que participaram da coletiva. Todo mundo parecia ansioso para conhecer a resposta. E quem a deu foi o próprio diretor, Pedro Amorim. Segundo ele, a ideia de filmar aqui partiu do produtor LG Tubaldini Jr., que foi criado na cidade. “Uma das coisas que o ‘Tuba' tinha em mente, quando me convidou para dirigir o filme, era que este se passasse em Ribeirão. Achei muito legal, justamente por retratar um universo diferente do qual eu estava acostumado a ver. Sair do eixo Rio-SP é refrescante”, conta.
O produtor LG Tubaldini Jr., os atores Camila Morgado e Murilo Benício, e o diretor Pedro Amorim
Questionados se o nosso sotaque seria preservado, todos caíram na risada quando Benício soltou um hilário “foi difícil!!!”, suspirando logo em seguida. Carismática, Camila emendou: “Estamos tentando. Revertério e perturbado são palavras um pouquinho difíceis". “A gente se preocupou tanto com o “R" e o foi o “S" que derrubou a gente”, completou o ator. No entanto, Pedro Amorim fez questão de afirmar que o longa não irá mostrar um interior estereotipado. “Ribeirão é uma cidade totalmente diferente do que a gente achava que era. Quando falam em interior de São Paulo, as pessoas imaginam todo mundo cantado sertanejo, usando chapéu… Na verdade, Ribeirão é uma cidade enorme do interior, onde há vários núcleos culturais. Nosso filme abrange um pouco esses lados todos”.
Ainda sobre os rótulos com os quais o “pessoar das capitar” insiste nos embrulhar, Tuba diz que a obra "traz ao cinema um universo que ficou um pouco marcado, ou até diminuído”, lamentando o fato de que muitos ainda pensam em Ribeirão como a mesma cidade de 20 anos atrás. "Não entendem que o agronegócio transformou o Brasil, que mudou a realidade da cidade. Ribeirão está muito diferente hoje”, ponderou.
Para imprimir ainda mais veracidade na tela, TODOS os figurantes contratados eram de Ribeirão e região. E de acordo com Pedro Amorim, alguns atores locais foram escalados para alguns papeis-chaves. “A gente insistiu em tentar fazer bem a questão do sotaque, por isso os atores”. Ademais, diversos outros profissionais da cidade foram contratados pela equipe de produção. “Havia alguém de Ribeirão Preto em cada departamento”, revelou o produtor.
Quanto aos cenários usados como locação, há um que não poderia faltar: a choperia Pinguim. Mas se engana quem pensa tratar-se de merchan. Não, senhor! “A gente queria fazer a anatomia de Ribeirão, e uma das coisas que são icônicas aqui é o Pinguim, por isso não tinha como não botá-lo no filme”, explicou o diretor. Houve ainda cenas rodadas no aeroporto Leite Lopes, em fazendas regionais, restaurantes, shoppings e residências particulares. “A gente até cogitou fazer a parte de estúdio no Rio e gravar só as externas aqui, mas chegou um momento em que se concluiu que há coisas que só funcionam quando se está no lugar”, revelou Pedro. A propósito, uma das únicas cenas de estúdio — uma prisão — foi realizada nos Estúdios Kaiser de Cinema, local que inclusive serviu de base para a produção que contava com cerca de 300 profissionais de diferentes áreas.
Um diferencial de Ribeirão Preto? A luz! Resposta unânime. Além, obviamente, da beleza da cidade em si e da generosidade de seus moradores. “Há muitos tesouros que a gente não explora dentro do Brasil, lugares que são absolutamente espetaculares e que a gente vê pouco. Acho interessante explorar aquilo que não fica no eixo Rio-SP. Nosso país é tão bonito, há tantas possibilidades, que acho que essa é a coisa mais legal de estar aqui em Ribeirão Preto”, comentou Murilo Benício.
Conversa vai e conversa vem, minha cabeça de cinéfilo, conforme a trama era citada entre uma resposta e outra, buscou em alguma gaveta de lembranças um filme chamado A guerra dos Roses, baseado no romance homônimo de Warren Adler, cuja premissa é bem parecida com a do já tão aguardado Divórcio 190. Esperei então pelo momento mais oportuno e lancei a pergunta ao quarteto, sem mirar ninguém em especial.
— Divórcio 190 é inspirado no romance A guerra dos Roses?
“Foi uma referência. Não foi inspirado nem nada, apenas uma referência”, responderam Murilo e Camila. “É mais a atmosfera do que a história propriamente dita”, continuou Murilo. “É, exatamente isso”, finalizou Pedro.
As filmagens, que tiveram início no dia 25 de maio e contaram com apoio da produtora local Film Commission, seguem na cidade até o dia 06 de julho. Após esta data, a produção parte para mais dois dias de trabalho em São Paulo, onde fica o escritório de um dos personagens do longa. Em seguida, entra-se em fase de pós produção.
Com orçamento girando em torno de DOZE milhões de reias, Divórcio 190 é uma produção da Filmland Internacional e será distribuído pela Warner Bros. Pictures, que também atua como coprodutora. A estreia está prevista para março de 2017. Segundo Tuba, “há planos de um lançamento especial em Ribeirão Preto”. E o produtor adianta que a comédia trará dois elementos um tanto incomuns nos filmes do gênero: muitas cenas de ação e o empoderamento da figura feminina. “O nosso filme coloca a mulher num papel bem mais empoderado do que a gente costuma ver em longas deste tipo”.
Para terminar, perguntamos quais lembranças os entrevistados levariam de nossa cidade. Entre restaurantes chiques e belas paisagens, Pedro Amorim levou todos à gargalhada quando respondeu que levará na lembrança a CARRETA FURACÃO.
“Contratamos a Carreta Furacão e toda a equipe passeou pela cidade. Isso me marcou bastante”, revelou ele.
O jeito agora é segurar a ansiedade e aguardar até março!
Elenco
- Camila Morgado: Noeli
- Murilo Benício: Júlio
- Luciana Paes: Sofia
- Thelmo Fernandes: Milton
- Carol Seviran: Laura
- Fávia Martins: Tininha
- André Mattos: Roberto Lobão
- Ângela Dip: Priscila Kadisci
- Cynthia Falabella: Jana
- Bruna Tornarelli: Shana
- Antônio Petrin: Leon
- Lu Grimaldi: Dirce
- Gustavo Vaz: Catanduva
- Robson Nunes: Pardalzinho
- Jonathan Weel: Vareta
- Sabrina Sato (participação especial)
Ficha Técnica
- Diretor: Pedro Amorim
- Produção: LG Tubaldini Jr e André Skaf
- Diretor de fotografia: Hélcio Alemão Nagamine
- Diretora de arte: Valéria Costa
- Produção executiva: Camila Groch
- Produtora de elenco: Marcela Altberg
- Figurinista: Lelê Barbieri
- Roteirista: Paulo Cursino (com colaboração de Angélica Lopes)
- Coprodução e distribuição: Warner Bros. Pictures