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Por Analídia Ferri (texto e fotos)
Vídeos: Paulo Gallo
Não era uma noite qualquer de sábado, o público lotou a casa e esperava ansioso por ela. Em suas últimas turnês pelo mundo, Maria Rita não deixou de passar por Ribeirão Preto e, no dia 20 de setembro, a cantora trouxe para a cidade o show “Coração a Batucar”, no Centro de Eventos RibeirãoShopping.
De repente, as luzes se apagam e a banda que acompanha Maria Rita se posiciona no palco. Assim que se ascendem, o som do tamborim ecoa no salão, e então, surge a voz dela, quase que à capela: “Eu não nasci no samba, mas o samba nasceu em mim”, e veio com muito brilho de lantejoulas para o centro do palco. A primeira música, “É corpo, é alma, é religião”, de Arlindo Cruz, fez a cantora abrir aquele que seria um grande espetáculo.
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Maria Rita não é mais a mesma, aquela timidez ficou para trás. A filha de Elis Regina se rendeu à cadência do samba, desde o disco Samba meu, mas no atual, Coração a batucar, ela se mostra muito mais íntima do samba, com tanta ginga e delicadeza que deixa seus primeiros sucessos no passado. Parece ser outra.
Uma coisa é fato, a acústica do local ajuda e muito e o som da banda, com a voz da cantora, estavam em perfeita sintonia. “Estou feliz de ver que a casa está cheia. Desde pequena ouço meu pai falando da responsabilidade que um artista tem quando sobe em cima de um palco, quando chega mais cedo, se arruma. É a mesma preparação de cada uma das pessoas da plateia que saem em direção ao show, naquela ansiedade. E, ouvindo isso desde muito pequena, sempre fico muito emocionada com essa relação muito íntegra, genuína e livre que o público estabelece com o artista”, disse.
“Com todos os desafios que eu passo desde a infância com relação à profissão, ter a honra de subir no palco toda noite, perceber que aqui é o meu lugar e ter o meu trabalho reconhecido pelas bocas cantantes, os olhos brilhando, as mãos balançando, é uma honra”, emendou ao som dos aplausos.
O repertório foi mesclado pelos dois discos de samba da cantora, entre os destaques também apareceram “Cara Valente” e “Ladeira da preguiça”. Solta no palco, Maria Rita trocou de figurino no meio do show, os vestidos eram quase iguais, ambos assinados por Fause Raten, que também produziu cenário do show. Muito brilho e cor, essa era mesmo uma Maria Rita diferente e segura de si. Na volta da troca, um vestido pink, azul e verde, um carnaval à parte. Tudo para que espetáculo ficasse ainda mais completo e animado.
Depois de quebrar estigma da comparação e cantar a trajetória de sua mãe na turnê “Redescobrir”, Maria Rita retornou alegre e imponente para os palcos, sem deixar de ser emotiva. Sua voz parecia ter rasgado o peito quando cantou “Mainha me ensinou”, as lágrimas escorreram de seus olhos e a voz foi sumindo, mas os aplausos do público reergueram a cantora e ela sorriu e se curvou em agradecimento. Uma cena épica, Elis parecia estar ali, bem ao seu lado.
As últimas músicas, ”Num corpo só”, “Coração em desalinho”, “Meu samba sim senhor”, “Tá perdoado”, “Do fundo do nosso quintal” e “O homem falou”, foram acompanhadas de perto pelo público das primeiras cadeiras, que se aglomeraram na frente do palco, ao chamado da artista que desfilava de um lado pro outro no palco, acompanhando o ritmo dos instrumentos e acenando para os fãs.
É como dizem, “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”. Impossível resistir ao samba, aquele bem feito, lapidado como uma joia que cai muito bem aos ouvidos e faz realmente o coração batucar.
Maria Rita apresentou o show acompanhada pelos músicos: Davi Moraes (guitarra), Alberto Continentino (contrabaixo), Ranieri Oliveira (teclado), Walace Santos (bateria) e André Siqueira e Marcelinho Moreira, na percussão.
Set list
- É corpo, é alma, é religião
- Cara Valente
- Maltratar não é direito
- Abre o peito e chora
- Rumo ao infinito
- O que é o amor
- Fogo no paiol
- Bola pra frente
- Saco cheio
- Comportamento geral
- E vamos à luta!
- Maria do Socorro
- No meio do salão
- Coração a batucar
- Cria
- Mainha me ensinou
- Ladeira da preguiça
- No mistério do samba
- Num corpo só
- Coração em desalinho
- Meu samba, sim senhor!
- Tá perdoado
- Do fundo do nosso quintal
- O homem falou