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Por Francine Micheli (texto e fotos)
Como uma mãe madura, com filhos já adultos, foi com muita tranquilidade que Marília Castelo Branco foi à maternidade, à espera do Thales, aos 39 anos. O bebê chegou e, com ele, uma perspectiva de vida inesperada para a família: todos ali aprenderam a conviver com uma criança especial, portadora da síndrome de Edwards, uma séria doença que não dava muitas esperanças de vida.
Thales (na foto ao lado) ficou seis meses internado. E, em 2005, mães de crianças com síndromes severas não tinham muito a quem recorrer para buscar informações, apoio ou, simplesmente uma troca de ideias. Marília aprendeu na marra a lidar com as dores do filho e dela mesma.
Com apenas duas horas por dia liberadas para visitar o filho, Maríila resolveu ajudar as enfermeiras a acalmar Thales, que muitas vezes ficava inquieto na UTI. Levou alguns CD’s e pediu para que as enfermeiras colocassem música para ele toda vez que chorasse. E assim foi feito durante os meses seguintes.
De volta para casa com Thales, Marília continuou com a “sessão musical terapêutica” e teve uma surpresa. Por conta da Síndrome de Edwards, o bebê não sorria e não esboçava muitas reações, mas uma música específica transformou esse quadro. “Sempre quando ele chorava, colocava o CD da Maria Rita. Quando tocou ‘Lavadeira do rio’, ele sorriu pela primeira vez. Achei que fosse por acaso, mas nos outros dias, a rotina se repetiu. Começava a música, ele sorria. Só naquela canção. Meu coração se encheu de uma emoção tão grande que senti que nossas vidas tinham ganhado um novo sentido. Thales tinha conseguido o impossível”. O garotinho completou um ano com festa e muitos motivos para a família comemorar.
O primeiro contato
Marília sentia que Maria Rita precisava saber que sua música havia despertado um sorriso em uma criança impossibilitada de sorrir. Thales faleceu com apenas um ano e cinco meses, superando a expectativa de 30 dias, dada pelos médicos. “Virou estrelinha”, como Marília gosta de contar. Mesmo com a dor mutiladora da perda, Marília fez do sorriso de Thales, libertado pela voz Maria Rita, alavanca para criar, em 2007, a Associação Síndrome do Amor — a primeira entidade brasileira de apoio à famílias de crianças com síndromes graves, com a que havia levado Thales.
Através de e-mails, manteve contato com a cantora e, na primeira oportunidade que teve de cantar em Ribeirão, foi ela quem procurou Marília para conversar. A partir daí, Maria Rita se tornou madrinha da entidade, que hoje atende mais de 700 famílias do Brasil e do mundo, com a participação de 80 voluntários.
“Hoje, a Maria Rita sabe da importância que tem em nossas vidas e graças a ela, nós podemos transformar a dor de tantas outras pessoas em amor e compreensão. Aqui não tratamos do problema, não há espaço para conversas de tristeza. Queremos que as famílias enxerguem suas crianças especiais como uma chance transformadora, indivíduos diferentes capazes de nos ensinar coisas que jamais aprenderíamos sem eles”.
Em 2010, Maria Rita gravou um belo depoimento sobre sua história com Thales e Marília.
Para saber mais sobre a Associação Síndrome do Amor, acesse o site oficial e veja como ajudar a instituição.
E aproveite também para saber mais sobre o próximo show que Maria Rita fará em Ribeirão Preto, no dia 20 de setembro.