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Por Francine Micheli
(texto e fotos)
Ana Augusta Silveira, ou Gucha, como os amigos a chamam, é uma artista plástica que, mesmo pintando desde que se conhece por gente, ainda não se reconhece como artista, propriamente. Pintar é um hobby para ela, que usa o tempo entre as telas e tintas para expressar aquilo que não consegue no trabalho cotidiano.
Ela é representante comercial de uma metalúrgica, atividade que chega a ser fria em comparação com a efervescência do seu tino artístico. Ela é uma criança de 37, que se julga mais nova do que o filho Fábio, de 20, com quem divide um apartamento digno de revista de decoração no Jardim Irajá, aqui em Ribeirão Preto.
Quando perguntei se ela é feliz no trabalho, ela diz que é um ser integral. Que expectativa é a pior coisa que existe e que a frustração não cabe naquele seu momento. Ela trabalha em casa e a sua arte é indisciplinada, igual uma criança. “Essa coisa de ter disciplina pra pintar, eu não acho legal. Eu espero a inspiração vir e quando ela vem aí ninguém segura. Aprendi a me respeitar e que pintar é uma necessidade”.
Gucha e As orquídeas, tela que levou um ano para ficar pronta
O apartamento de Gucha é todo artesanal e tem um pouco das criações dela em cada cantinho. Num móvel, nos vasos, nas dezenas de telas que iluminam os cômodos. Tudo é colorido ali e um afronto à sua mania de sempre ser monocromática com as roupas. “Sempre parece que estou com a mesma roupa. Acho que tenho cor demais em mim, preciso dar um equilíbrio no que visto, senão fica demais”.
Abstrato
Gucha contou que demorou um ano pra pintar uma das delas e a história se resume em um caso de amor complicado. As demais obras, segundo ela, foram surgindo de acordo com a sua disposição de obedecer à vontade dos pincéis. “Sabe, eu nunca sei o que vai sair. Às vezes quero pintar uma coisa mais vermelha, quando vejo está totalmente verde. Acho que é uma parte do meu cérebro desconhecida que trabalha nessas horas”, explica, se afirmando totalmente intuitiva.
A artista nunca expôs. Nunca levou a arte pra fora de casa. Não se considera um talento pronto. Quando pedimos essa entrevista, ela ficou tão feliz que parecia que estávamos dando o maior presente do mundo pra ela.
Na verdade, descobrir essa intuição toda, abstrata e colorida, é que foi o nosso grande presente. A arte, geralmente, é tão pensada, discutida e criticada que, quando alguém só se propõe a senti-la da forma mais sublime, dá até um alívio.
Que bom que ainda existe leveza nesse mundo tão pesado.
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