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Por Francine Micheli
Fotos: Divulgação
Foi durante um sarau realizado na Feira do Livro que surgiu a ideia de levar iniciativas culturais como aquela para outros locais e populações até então distantes da literatura. O desafio foi aceito e um grupo de entusiastas criou uma ação para aproximar jovens da periferia da cidade da literatura.
Nascia então o Sarau Preto, ação que teve início em junho e que promove encontros mensais para leituras, declamação de poesia e apresentações de música no Centro Cultural do Quintino Facci II, em Ribeirão Preto. Os encontros são a céu aberto e já no primeiro evento participaram mais de 60 pessoas da comunidade.
O músico Marcelo Domingos se apresenta durante 2ª edição do Sarau Preto
“Percebemos que a galera tinha receio de entrar no Centro Cultural. É um espaço aberto, delas, mas muitas só ficavam olhando do lado de fora. Começamos a fazer ações na calçada e o Sarau ficou no quintal mesmo. Assim vem mais gente”, diz o produtor cultural e um dos organizadores, Eliéser Pereira, o Leser MC.
Nomes de escritores como Ferréz, Solano Trindade, Renan Inquérito e Sérgio Vaz são comuns nas leituras durante os saraus. “A literatura marginal tem uma linguagem que se aproxima da realidade dessas pessoas. Elas se sentem representadas e com vontade de conhecer outras coisas”, diz Leser. E é na Biblioteca Popular Zumbi dos Palmares — espaço com centenas de obras à disposição dos participantes — que os jovens passam a se aproximar de escritores e estilos até então desconhecidos.
Parceria de peso
Um dos idealizadores do Sarau Preto, o também produtor Daniel Ramos, explica que a iniciativa conta com uma parceria com a Fundação Feira do Livro, que entendeu a importância da descentralização de atividades culturais na cidade. Com uma pequena verba, eles conseguem alugar equipamentos de audiovisual para exibição de documentários, preparar um lanche para os convidados e ainda fazer as artes para divulgação. “Na última edição exibimos um vídeo sobre processos de racismo sofridos por pessoas de cabelo crespo ou com dreads. Teve uma discussão depois”, diz, afirmando que a organização tira dinheiro do próprio bolso quando a verba não é suficiente.
Livros são oferecidos aos participantes que queiram ler ou recitar algum trecho
Para Daniel, é importante falar a língua dos jovens para que não haja um “estranhamento” cultural. “Boa parte das pessoas aqui já tem contato com a linguagem do rap do funk que trabalham, sim, com uma linguagem poética. A diferença, é que esses autores afro-periféricos estão fora do canone literário. Pode ver que nem chamam de literatura, é sempre literatura com alguma coisa na frente, tipo literatura-marginal, literatura periférica”.
A 4ª edição do Sarau Preto acontece neste sábado (4 de outubro), no Centro Cultural Quintino Facci II. O sarau é gratuito e aberto a todos os interessados, seja da comunidade ou não. A convidada da vez é a dupla de rap Subestimados.
SERVIÇO
Sarau Preto – 4ª edição
4 de outubro, às 18h
No Centro Cultural Quintino Facci II
Rua Ernesto Petersen, 36 – Quintino Facci II (Ribeirão Preto)
Entrada gratuita